O prazer de ofender o silêncio
E se o que escrevo não tivesse qualquer sentido? Se naquela tarde não fosses tu a vir ou o meu pedido para não ir tivesse sido aceite? E se o céu não fosse tão vasto e as noites não fossem tão atraentemente promissoras? Se a minha opa não fosse negra e o mar não me desse a beber o teu olhar? E se o fogo não queimasse o desejo e todo o meu ser clamasse pelas cinzas? Se o vento não uivasse no cimo da montanha da Lua e a música não fosse essencial à minha-vida-tua? E se o tempo não contasse lembranças e os afastamentos fossem esquecidos? Se a fotografia não gravasse gritos e os passos fossem rastos? E se os reis se erguessem dos túmulos e o silêncio perturbasse majestosamente? Se tudo o que conhecemos desaparecesse e a terra se movimentasse tal qual um rio? E se o gelo mumificasse os erros da história e Cleópatra não tivesse sucumbido? E se o sangue jorrasse dentro de mim sem ser visível e tu lhe sentisses o quente na boca?
Lacrar os lábios não implica amordaçar a mente.
7 Comments:
E se o «se» deixasse de o ser?
Forte e bonita a frase que encerra (será?).
beijo para ti
eh krlh as 19 e 20 ja tou aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
gosto do título
amanhã à noite conto com o prazer da tua companhia. só falta o benfica ganhar, o ordenado já tar na conta e tudo será perfeito.
beijos
A vida que nos trespassa a alma e dilacera o coração não é feita de suposições. Só há uma solução: deixar as palavras voar dos lábios lacados e aí, libertar a mente que não se quer amordaçada.
Beijos
Divino como sangue!
e se o sangue jorrasse....
nada mais pode ser dito!
Em primeiro lugar tenho que te pedir desculpa por ter demorado tanto a comentar este teu post. O texto tá muito bom... O que escreves tem sempre sentido na medida em que acaba sempre por espelhar o que sentes e de certa forma o que és. É perigoso vivermos só de "ses" e muitas vezes aventuro-me em novas experiencias porque também seria mais dificil para mim viver imersa em eternos "ses"! Kisses
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