segunda-feira, setembro 25, 2006

Maçã

"Carry your cross and I'll carry mine
Dig your own hole and you'll be fine
Build your own tower until heavens devour
Your very last hour"
Carry Your Cross and I'll Carry Mine - Tiamat

Esta é a carta do fim. Nunca a vontade de definhar foi tão intensa.
O nada. Sempre o nada.
As mãos tremem e as pontas dos dedos riscam-se de negro, num augúrio da podridão que irá corroer o corpo em busca do tesouro-alma.
Apetece-me ir com o vento, navegar até ao limite da terra e aí precipitar as palavras que agora se confundem nas cores, uma miscelânea viscosa para pintar a falta de tonalidade da sobrevivência.
Era para ser a carta do fim, mas o fim já chegou à muito, instalou-se devagar... sorrindo. Deu-me a mão e puxou-me para dançar. Nas cordas de uma sinfonia mortífera, danço sem que os pés toquem o chão povoado por restos de sonhos que me golpearam em instantes desprovidos de sorrisos.
Fui sendo morta, aos poucos, na crença de que uma réstia de vida seria colocada na minha boca para me dar o sabor de um santuário em que não sou pura o suficiente para entrar. Lentamente perdi o palpitar nos caminhos do meu ser e, para todo o sempre, deambularei condenada na lembrança de que o tempo foi um suave carrasco, que me permitiu pousar a cabeça no seu regaço fazendo-me acreditar, fazendo-me acreditar...
Eu... deixei-me à morte...

3 Comments:

Blogger Daniel Lemminkäinen said...

bela musica de Tiamat... acho que todos nós já provámos do fruto proibido, o problemas é quando ficamos afeiçoados a ele... é tão difícil largar... bj*

26/9/06 13:35  
Blogger Lord of Erewhon said...

Ouvi dizer que a morte... é a única responsável das ressurreições!;)
Dark kiss.

27/9/06 07:19  
Blogger Unknown said...

também eu sou movida por esse deixar-me ir, ou ficar.

é um constante baloiçar.

um beijo muito bom:

luna

17/10/06 08:12  

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