segunda-feira, setembro 04, 2006

Travessia

Ao aproximar-me da cidade baixei o olhar para que, de uma qualquer maneira infrutífera, não visse que me aproximava de um local que acelera a minha pulsação. Cerrei os olhos e atravessei a ponte sem olhar para trás.
A cidade ficou lá, nas pontas dos meus cabelos. Veio a noite, o cheiro do mar, a ausência, o sono perturbado pela minha voz. Um grito só. Sem alcance. De ida e volta. Apenas meu.
No dia seguinte, ao final da tarde, aproximei-me da cidade. Desta vez não cerrei o olhar ao reflexo do sol na margem principal. Controlei o respirar até à inexistência como se, assim, fosse possível que não chegasses até mim.
Ontem atravessei o rio. A mão direita colada na janela, a esquerda rasgando a pele do peito quase morto. Viajei sobre o leito em que adormeces, mas não te consegui tocar.

4 Comments:

Blogger Daniel Lemminkäinen said...

oxalá qu vejas no rio quem procuras... seja ele qual for. Por acaso, já tenho saudades do Mondego.

4/9/06 15:58  
Blogger A said...

Eu tenho saudades de rasgar o Tejo.

Poucas palavras bastam-te porque todas as outras já foram ditas em sítio recôndito, ainda que por fios - onde termina a saudade.

Iremos rasgar o Tejo, nem que seja a última coisa que faça por ti.

Beijo imenso (estamos quase lá)

5/9/06 20:36  
Blogger Carlos Ferreira said...

"I got scratches all over my arms. One for each day since I fell apart.

Ooh, I did, oh, what I had to do. If there was a reason it was you.

Footsteps in the hall... It was you, you.
Ooh, pictures on my chest... It was you. It was you..."

(footsteps - pearl jam)

bjo

6/9/06 20:09  
Blogger Misantrofiado said...

De alguem qué é fogo por fora, gelo por dentro... ofereço-te os olhos, neste momento de abandono de mim próprio.

7/9/06 07:16  

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