Hoje e sempre
O meu coração está contigo. A minha alma está contigo.
O teu amor vive em mim e eu não sei viver sem o teu amor.
É um sonho.
Meto a chave à porta e tu respondes:
"Já aí vens minha querida?"
É um sonho e eu entro na tua casa, largo os livros e todas as tralhas que sempre carrego comigo (sim eu sei que tenho o hábito de deixar tudo espalhado no meio do chão) e entro na cozinha.
"Queres jantar comigo?"
Abraço-te. Cheiras a alfazema, ao café que está a fervilhar na cafeteira, ao jantar acabado de fazer.
Não quero jantar avó, não tenho muita fome. Deixo-me ficar encostada a ti, o meu nariz imerso nos teus caracóis enquanto o Bóris pula à nossa volta. É tão ciumento, parece que te quer só para ele.
É um sonho. Eu sei que agora é um sonho.
"Cheiras tanto a tabaco, que raio de vício foste arranjar."
Ó vó esquece lá isso.
"Faz-te mal. Não parece bem uma menina fumar."
Gostas menos de mim por isso?
"Não meu amor, eu gostarei sempre de ti!"
Eu sei. Sempre soube, sempre senti. Ainda sinto... a minha alma unida à tua eternamente.
Tu nunca me deixarias... eu não te consigo deixar.
Devia ter-te levado as rosas brancas mas, mais uma vez, não consegui. Há a perfeita noção de um conforto fictício em não te visitar, quase como se acreditasse na ilusão de que a qualquer momento posso voltar a largar tudo no meio do chão da tua casa e abraçar-te.
É uma ilusão meu amor, eu sei, mas deixa-me acreditar mais um pouco que não te foste. Deixa que as rosas brancas se deitem nos teus braços e não sobre o teu corpo.
Deixa, só por hoje, cruzar os braços ao redor do teu pescoço enquanto sopras as velas de mais um aniversário.