sábado, novembro 29, 2008

5h e 3 minutos.

Cinco horas e três minutos.

Segundo após segundo.

Cinco horas e quatro minutos.

Os cigarros amontoam-se sobre os centésimos de segundos. É a dormência, a passividade sem cor, uma cratera imensa onde nada se encontra. Um espaço limpo, desprovido de nada.
As paredes não sufocam. Não há paredes.
Não há oxigénio, sobrevive-se com menos do que isso. Há um eu transparente, a teimosia em consumir fragmentos de milhares de personagens ridículamente adoráveis, pequenas marionetas dóceis como cães. Sempre esperei vislumbrar-lhes aquele esgar de dor agonizante, o presságio de que rasgariam a pele parindo a perfeição, mas as marionetas são tão vazias, não se movimentam sem mim. Deitam-se quietas e chamam-me. Ouço-as sussurrar baixo, cada vez mais baixo , que a perfeição nasce da morte.
Quando tudo o resto falha, imobilizo a mente e deixo o corpo ir enquanto espero que não volte... Já não tenho mais linha com que suturar as feridas e as marionetas precisam de dormir.

2 Comments:

Blogger DarkViolet said...

O compasso do tempo martela a suavidade do badalar. As marionetas podem ter vida se elas assim criarem Alma

30/11/08 13:45  
Blogger Eyes of China Blue said...

Sabia que eras alguém muito especial ainda antes de falar contigo... Gosto do que sentes, da forma como o sentes e sobretudo como traduzes tudo isso em palavras. Gosto muito mesmo!!!

Não consigo dizer nada em relação a este teu texto. Vêm-me imagens de marionetas inocentes que são uns, de marionetas manipuladoras que são outros, de nós que achamos que nunca fomos ou somos marionetas estando conscientes de que o fomos tantas vezes...

Acho que todos precisamos de dormir um pouco.

6/12/08 16:05  

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