segunda-feira, abril 24, 2006

Agulha nervosa

É o tempo que se move nas entre-linhas-fora do que escrevo, enquanto entranço minutos nos pulsos da sobrevivência. Há vidas lá fora, carregadas em ombros exaustos que passeiam sorrisos lamentados.
Lembro agora, nem sempre, apenas de minuto em minuto num intervalo nada secular. A noite da véspera na chuva lado a lado e a minha cabeça repousada na omoplata cheirada às escondidas. Picada letal na hora (que é) das palavras.
Porque sempre estiveste num anel.
Não de planeta.Não de mão. De coração-copo-de-sumo.
Dá-me o polegar de novo, num amanhecer diferente daquele, menos frio do que se sente lá fora, mais envolvente do calor da despedida com promessa.
Há vidas lá fora.
Porque. Sempre. Estás.
Há vidas lá fora... de mim.
Nunca... foi só sobre mim.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há picadas que nos seduzem - e ainda bem! Nascem os textos, reproduzem-se as metáforas e transtorna-se/transfigura-se a realidade. A agulha com que coses o tempo e com que entranças os "minutos nos pulsos da sobrevivência" está, pelos vistos, bem afiada. Continua empenhada nessa procura de um amanhecer (sempre) diferente. Há, e sempre irá haver, vida lá fora... deixa-a entrar... mas sem exageros, pois corre-se o risco de perder o discernimento sobre o que é, verdadeiramente, estar vivo.
Um beijo mórbido!

25/4/06 14:03  
Blogger A said...

Há vidas lá fora, tantas, imensas.
E há vida em cada um de nós, somatório de todas as que conhecemos.
Não somos originais, mas podemos ao menos ser genuínos.

Beijo

26/4/06 14:59  

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