domingo, junho 04, 2006

"Jet lag" na décima sexta letra

No calor pegajoso, não é necessário pressionar a pele. Os poros autónomos debitam cheiro de momentos transviados do local comum, sem sabor, distante da pedra acolhedora das palavras proferidas para um ar nocturno, também ele quente, memoravelmente fumado pelas salivas desejadas, trocadas em papel de arroz, sempre fora da língua.
O mundo já há muito que não é aqui, mudou-se para uma outra cidade impessoal e eu... eu mudei-me mentalmente com o mundo e vivo lá, mesmo que não percorra as ruas nos dias em que estou aqui, mesmo que não veja o rio nas noites em que fumo cigarros ao compasso do balanço das pernas ajoelhadas em outra pedra que não a que circunda a flor de lótus.
A flor de lótus, equivalente à orquídea negra desejada, símbolo eterno da coroa de ouro ladeada por uma única madeixa incandescente, invisível aos olhos alheios. No mundo, meu, de mim para não-mim, da palavra fogo-apagado, chamam-me quebrando a dormência doce do abandono na recordação, já que o mundocidade em que não vivo é aquele para onde as palavras me chamam. Acendo um outro cigarro compulsivo.
“Tens lume?”
Exalo. Passo a chama.
“E cinzeiro?”
Sorrio... porque me lembrei...

2 Comments:

Blogger A said...

Jet Leg em papel de arroz...
à mesma hora postámos hoje :) Curioso...

Segue os teus ideias; persegue os teus sonhos... Flor de Lótus...

Beijos

4/6/06 10:56  
Blogger Sorrow_Leviathan said...

i ate the lotus como ja disse alguem:P
esse jet lag tb vaqi assentar:)

e o papel de arroz k sabo subtil ele tem....

6/6/06 06:36  

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