terça-feira, fevereiro 14, 2006

Para um (não qualquer) MENINO

E assim em segundos mais rápidos que uma bala de prata arrancas o sorriso sincero que me havias deixado. Continuo a minha conversa de carinho e alento com a Morte, que do outro lado de uma linha mais que extra-sensorial me dá um colo onde eu possa repousar a cabeça, porque o abismo cavado entre o teu abriu-se numa fenda sem dimensão possível de contabilizar. Não me peças para pôr por palavras porque nunca conseguirei, é aqui que o chão dá de si, é aqui que elas me faltam, é aqui que as palavras que vomito por ti começam a escassear. Não consigo explicar-te o porquê porque eu também não o sei.
A Morte fala-me das ruas da amargura que tenho percorrido incansavelmente por ti, asseguro-lhe que nem que as tenha que caminhar eternamente o farei, por ti! Sempre por ti!!!
Mando calar a minha companheira de horas, porque o vento traz notícias tuas.
As pernas tremem, não consigo manter o equilíbrio, caio por terra. Os dedos não têm força para rasgar o papel e receiam as tuas palavras cortantes. Gosto quando elas chegam fazendo sentir aquele quente do sangue, levando a pele ao rubro, mas temo que venham abrir uma ferida podre, infectada, já sem vida, da qual já nada brota.
Diz-me, como posso estancar as lágrimas teimosas que os meus olhos não conseguem conter?
Durante a noite perguntaste o que é que eu tinha visto em ti, eu digo-te!!!
Eu não vi o teu passado, nem quero ver, sei das dores, sei que estamos os dois demasiado estragados para qualquer inocência e no entanto somos meninos, meninosdoridos num momento em que a distância se impõe e as dúvidas envenenam pela ausência da palavra mágica.
Tu! Sim tu! Afasta toda e qualquer dúvida, isto é para ti!!!!
Tu levaste-me a um sítio alto e mostraste-me todos os reinos do mundo...

We're damaged people
Drawn together
By subtleties that we are not aware of
Disturbed souls
Playing out forever
These games that we once thought we would be scared of
When you're in my arms
The world makes sense
There is no pretense
And you're crying
When you're by my side
There is no defense
I forget to sense
I'm dying
We're damaged people
Praying for something
That doesn't come from somewhere deep inside us
Depraved souls
Trusting in the one thing
The one thing that this life has not denied us
When I feel the warmth
Of your very soul
I forget I'm cold
And crying
When your lips touch mine
And I lose control
I forget I'm old
And dying
"Damaged People" - Depeche Mode

4 Comments:

Blogger maresia said...

i forget i'm cold...

14/2/06 14:29  
Blogger Black Rider said...

É mesmo isso... por mais força que tenham os dedos... eles nunca conseguem rasgar o papel. Por mais abismos que sejam só há mesmo que continuar a caminhar...

14/2/06 15:23  
Blogger Winterdarkness said...

Linda acredita que há abismos em que conseguimos saltar por cima deles! Se sentes a pele levada ao rubro tenho a certeza que a ferida não está "podre". Em relação ao serem meninos doridos concordo e se calhar é por isso que às vezes se afastam um pouco... Tens que lutar contra isso e eu sei que bem tentas!

15/2/06 04:45  
Blogger Misantrofiado said...

passei por cá... mas não tenho comentário. Gostei de ler, só isso.

15/2/06 11:46  

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