quinta-feira, junho 29, 2006
terça-feira, junho 27, 2006
Haja módinha!!!!!
Porque há dias assim em que de manhã só apetece mandar o mundo inteiro para a meretriz que o pariu e eis que de repente a face rasga-se num sorriso impossível de controlar.
Porquê?
Porque há músicas que nos deixam fora de qualquer contexto terráqueo/lunar/whatever, porque eu sempre fui melodia e sempre bebi a música sequiosamente. Nem sei fazê-lo de outra maneira!
Hoje apetece-me um post assim, simples, escrito a correr, aos saltos, de cabeça para baixo ou nem tanto assim, com o pensamento mergulhado num outro local e numa outra noite em que ao som de algumas frases eu quase catapultei até ao chão, sempre na melhor das companhias. Minha querida Wintermoon, do fundo do meu negro coração obrigado pelo mp3 "venenoso" que me enviaste
Hoje apetece-me um post assim, simples, escrito a correr, aos saltos, de cabeça para baixo ou nem tanto assim, com o pensamento mergulhado num outro local e numa outra noite em que ao som de algumas frases eu quase catapultei até ao chão, sempre na melhor das companhias. Minha querida Wintermoon, do fundo do meu negro coração obrigado pelo mp3 "venenoso" que me enviaste
You have made me smile!!!!
P.S. Ai que isto é muito pouco gó ;)
domingo, junho 25, 2006
Sento-me onde o tempo não existe
Foto por Eye of Horus
De onde estou as estrelas do negro estão ao alcançe do polegar e do indicador, sendo quase possível esmagá-las pela união.
Sempre que fico neste local perco-me a contemplar o tecto aveludado que nos foi oferecido e interrogo-me se também estarás com o olhar fixo no mesmo ponto luminoso que eu... Afinal é tão somente isto que nos une, a hora em que corpos se exalam num rodopio ascendente, misturando-se com respirações ofegantes, sonos repousados, lágrimas que se deitam nas costas de mãos presas sob faces tristes.
Pergunto-me se neste momento, em que estás sob o mesmo céu que eu, as palavras te chegam quentes enquanto trilhas o fumo por entre os mesmos dedos com que eu esmago as estrelas ou se, já apagaste o cigarro à muito e insone revolves a tua coroa em sonhos de menino crescido que finca os pés contra a dureza da vida. Vejo-te o sorriso sincero, o olhar magoado e o lugar que não ocupo em ti.
Com um simples gesto, aqui sob a mesma noite que tu acenderei um outro cigarro, amaldiçoado à partida, apagá-lo-ei na mistura de cinzas e lágrimas do cinzeiro que puxo para mim como se fosses tu e deixarei a alma amargurada transbordar num qualquer sussurro de inverno esquecido.
domingo, junho 18, 2006
Três acordares
7h30m
Cidadela desconhecida. A neve cobre o chão.
Casamento.
Lua de Inverno de negro arroxeado. Morte de negro redendado. Pedido de negro esvoaçante.
Três colunas em pedra antiga.
Piso de madeira cravado a fogo. Pentagrama preenchido. Hieróglifos proféticos.
O círculo é de chamas.
Feitiços sussurados sem som. Spell spell spell.
Invasor maléfico, acocorado, sem conseguir penetrar.
Ouve-me em silêncio.
Nas ruas a neve.
Noiva de brancoensanguentadorasgado. Cabelo despentado.
Prometida dilacerada caída, à volta a neve vermelha.
9h10m
Sala antiga. Louça branca e azul. Mesa familiar.
Primeira matrona de preto.
Segunda matrona da mesma cor.
Comida espalhada pintando o mobiliário. Eu recolhendo o respasto nas mãos imundas.
12h40m
Galeria sonora.
Três degraus de madeira escura. Arca do demónio a preto e branco.
Cigarro no canto em sossego.
Mítico de unhas compridas e robe verde. Rasteja. Grita.
Paixão em cabedal com a capa da morte. Pisar troante. Ossos estalados na parede.
Mais uma vez a Lua, a Morte.
Rua escura. Só.
Abraço de droga.
Soluço gutoral. Catadupa do olhar.
Cidadela desconhecida. A neve cobre o chão.
Casamento.
Lua de Inverno de negro arroxeado. Morte de negro redendado. Pedido de negro esvoaçante.
Três colunas em pedra antiga.
Piso de madeira cravado a fogo. Pentagrama preenchido. Hieróglifos proféticos.
O círculo é de chamas.
Feitiços sussurados sem som. Spell spell spell.
Invasor maléfico, acocorado, sem conseguir penetrar.
Ouve-me em silêncio.
Nas ruas a neve.
Noiva de brancoensanguentadorasgado. Cabelo despentado.
Prometida dilacerada caída, à volta a neve vermelha.
9h10m
Sala antiga. Louça branca e azul. Mesa familiar.
Primeira matrona de preto.
Segunda matrona da mesma cor.
Comida espalhada pintando o mobiliário. Eu recolhendo o respasto nas mãos imundas.
12h40m
Galeria sonora.
Três degraus de madeira escura. Arca do demónio a preto e branco.
Cigarro no canto em sossego.
Mítico de unhas compridas e robe verde. Rasteja. Grita.
Paixão em cabedal com a capa da morte. Pisar troante. Ossos estalados na parede.
Mais uma vez a Lua, a Morte.
Rua escura. Só.
Abraço de droga.
Soluço gutoral. Catadupa do olhar.
sábado, junho 17, 2006
Onde é que vamos parar?
Estou sentada do lado de dentro da janela. Estou eu, a luz do papel chinês, tu e a voz do Maynard embrulhando o ar vazio.
Já pouco escorre destas mãos, a força esvai-se na falta de sorrisos. Nos meus bolsos uma areia substituta de recados, nos pulsos incolores uma mancha negra de marca sentida e ao fundo... a voz do Maynard puxando-me cada vez mais para baixo, para um esquecimento impossível de concretizar.
Amanhã, um outro sol, um novo erguer mecânico e a velha vontade de adormecer em mim.
So glad to see you have overcome them.
Completely silent now
With heaven's help
You cast your demons out
And not to pull your halo down
Around your neck and tug you off your cloud
But I'm more than just a little curious
How you're planning to go about
Making your amends to the dead
To the dead
Recall the deeds as if
They're all someone else's
Atrocious stories
Now you stand reborn before us all
So glad to see you well
And not to pull your halo down
Around your neck and tug you to the ground
But I'm more than just a little curious
How you're planning to go about
Making your amends to the dead
To the dead
With your halo slipping down
Your halo slipping
Your halo slipping down
Your halo slipping down
Your halo slipping down
Your halo slipping down to choke you now
The Noose - A Perfect Circle
(Banda sonora das duas últimas semanas, em loop)
quarta-feira, junho 07, 2006
Anátema
“(...) Take me beyond infinity
In your moonlight wings
I want to cry out a last scream
I want to fall asleep and dream”
“Dark Angel Bird” - Desire
E apetece-me escrever as palavras que não conheço, apetece-me explodir em infinitos pedaços para depois os voltar a juntar, um por um, numa tarefa metódica nada enfastiante.
Porque o dia não é o de ontem, mas é hoje e sempre. O dia em que te sinto sabendo-te longe mas de um modo estranhamente perto. O cheiro… sinto-o quase palpável e o que não escrevo amontoa-se na minha mente e em cada vaso sanguíneo que compõe o corpo que é meu e que te oferto, sendo este de pouca importância pois a alma já a tens há muito e caminha a teu lado, nos passos calmos em que percorres as colinas citadinas, no vento que sobe do rio até aos teus cabelos e vejo-te lá, mas como se fosse aqui, porque te trago guardado em mim a todas as horas. E as horas não chegam e as palavras não são suficientes, acanham-se quando lhes peço que te escrevam e vejo-as em rebuliço frenético à procura da obra prima que ostentará o teu nome. Vou largando as palavras durante o calcorrear das ruas que desembocam no rio, que outrora viu partir grandes navios com sonhos por conquistar. Instigo o passo para cada vez mais próximo de ti, cada vez mais veloz e apercebo-me que vou perdendo pétalas secas de outros desgostos, nunca assim chorados. O leito aquoso aproxima-se, nele as minhas palavras depositadas numa outra noite em que algumas ruas se interpuseram entre nós e lembro-me de, nas doze badaladas, ter-te trazido para perto e ter dado as lágrimas a beber ao rio, de lhe ter sussurrado o teu nome e de ter voado para a praia onde o mar rugia um lamento mais triste que o meu. Andei sem rumo, na certeza de que todas as incertezas que sentia se abatiam sobre mim, mais fortes que uma tempestade. Acelerei para saír de mim, com a certeza de que não quero fugir de ti.
Célere na corrida pela escadaria íngreme duma torre escondida num desfiladeiro perdido no deserto, caminhos que a areia dos tempos não conseguiu apagar e agora, como em todos os outros segundos, a certeza do que as palavras não registam. Os meusteus momentos, os meusteus sorrisos furtados, os meusteus tudo.
O teu nome no respirar ofegante.
Eu por ti num voto que fiz à lua.
Eu por ti num voto que fiz à lua.
P.S.Xiuuuuuuuuuuuuuuu ;)
terça-feira, junho 06, 2006
A data do número imperfeito
"Hell from beneath is moved for thee to meet thee at thy coming: it stirreth up the dead for thee, even all the chief ones of the earth; it hath raised up from their thrones all the kings of the nations…How art thou fallen from heaven, O Lucifer, son of the morning! how art thou cut down to the ground, which didst weaken the nations! For thou hast said in thine heart, I will ascend into heaven, I will exalt my throne above the stars of God: I will sit also upon the mount of the congregation, in the sides of the north: I will ascend above the heights of the clouds; I will be like the most High. Yet thou shalt be brought down to hell, to the sides of the pit. They that see thee shall narrowly look upon thee, and consider thee, saying, Is this the man that made the earth to tremble, that did shake kingdoms; That made the world as a wilderness, and destroyed the cities thereof; that opened not the house of his prisoners?" (Isaiah 14:9,12-17)
Death Bird by Robert Knocke
I want to be the rock on which you'll build your church
Am I the son you've been waiting for?
Am I the chosen one?
To be your messiah on earth
And to sit at your left in hell
I've always ignored the doubt
Answers are in the questions
Show me the way to the Baphomet's throne...
Guide my hand, light my path
My mouth will speak with your words,
I'll make statements with your orders
I'll be the supreme insult
Which will forevermore soil the image of god
I'll be your revenge, I'll be your victory
Guide my hand, light my path
Show me the way,
To reach one day the Baphomet's throne...
"Baphomet's Throne" - Samael
domingo, junho 04, 2006
"Jet lag" na décima sexta letra
No calor pegajoso, não é necessário pressionar a pele. Os poros autónomos debitam cheiro de momentos transviados do local comum, sem sabor, distante da pedra acolhedora das palavras proferidas para um ar nocturno, também ele quente, memoravelmente fumado pelas salivas desejadas, trocadas em papel de arroz, sempre fora da língua.
O mundo já há muito que não é aqui, mudou-se para uma outra cidade impessoal e eu... eu mudei-me mentalmente com o mundo e vivo lá, mesmo que não percorra as ruas nos dias em que estou aqui, mesmo que não veja o rio nas noites em que fumo cigarros ao compasso do balanço das pernas ajoelhadas em outra pedra que não a que circunda a flor de lótus.
A flor de lótus, equivalente à orquídea negra desejada, símbolo eterno da coroa de ouro ladeada por uma única madeixa incandescente, invisível aos olhos alheios. No mundo, meu, de mim para não-mim, da palavra fogo-apagado, chamam-me quebrando a dormência doce do abandono na recordação, já que o mundocidade em que não vivo é aquele para onde as palavras me chamam. Acendo um outro cigarro compulsivo.
“Tens lume?”
Exalo. Passo a chama.
“E cinzeiro?”
O mundo já há muito que não é aqui, mudou-se para uma outra cidade impessoal e eu... eu mudei-me mentalmente com o mundo e vivo lá, mesmo que não percorra as ruas nos dias em que estou aqui, mesmo que não veja o rio nas noites em que fumo cigarros ao compasso do balanço das pernas ajoelhadas em outra pedra que não a que circunda a flor de lótus.
A flor de lótus, equivalente à orquídea negra desejada, símbolo eterno da coroa de ouro ladeada por uma única madeixa incandescente, invisível aos olhos alheios. No mundo, meu, de mim para não-mim, da palavra fogo-apagado, chamam-me quebrando a dormência doce do abandono na recordação, já que o mundocidade em que não vivo é aquele para onde as palavras me chamam. Acendo um outro cigarro compulsivo.
“Tens lume?”
Exalo. Passo a chama.
“E cinzeiro?”
Sorrio... porque me lembrei...